sexta-feira, 24 de abril de 2009

Provérbios

1- Se porventura molhares os lábios, não os enxugues;
É que assim, ter s sempre algo a dizer.

2- Não te mostres esperto no pensar, mas sim esperto
no saber.

3- Tenta ouvir um som;
Pois a sua finalidade é a chave de se conhecer.

4- Frequentei uma consciência limpa;
... É apenas o resultado de uma memória fraca.

5- O homem pode passar por sábio, quando busca a sabedoria;
Mas, se crê tê-la encontrado, é um néscio.

6- Existem dois grandes dons no homem:
O bem e o mal.
Só ele os pode escolher.
O primeiro, coloca-o no cabide.
O segundo, guarda-o na arca.

7- Se deres repouso às tuas pálpebras e sono aos teus olhos;
Ser s seguido pela preguiça e consegues ser dominado.

8- Ao fazeres um amigo, olha para as suas mãos;
Tenta sentir-lhe o sangue a correr nas veias.

9- O homem benigno cria a sua alma;
O maléfico destrui a sua massa.

10- O ímpio tem riqueza nos seus bens.
Mas... Tem perturbação na sua consciência.

11- Olhai a vossa perfeição:
Já vos disseram que fostes mal acabados?
Então voltai a olhar e reparai que vos faltam asas.

12- A mulher só ‚ mulher depois de colher o fruto do seu corpo.
O homem só é homem depois de criar a sua semente.


13- Alimentarmo-nos do senso dos desprotegidos, é como
Comermos um menu sem paladar.

14- Dormirmos ao relento dos problemas,
é como sonharmos nas dunas da imaginação.


15- Quando se pretende um propósito activo;
Simplesmente procura-se um caminho passivo.

16- Mulher que teme a dor, é como ter receio na criação
de seu filho.

17- Rastejando para a razão é tão difícil como ter asas
para voar.

18- Angariando o valor medíocre de um cérebro vaidoso, é
o mesmo que encontrar um tesouro sem rendimentos.

19- A arrogância insolente dos imorais, aumenta o sofrimento
dos justos, fazendo-os por vezes renunciar às coisas boas
da vida.


in "A Noite dos Tempos"

VAZIO

Fico contente por estar aqui!

Fico contente por andar descalço na calçada da vergonha.
Fico contente por ver-me ao espelho quando o escuro me esconde a face.
Fico contente por viver só!

Fico contente por estar aqui!

... Por ver as capas ilustradas dos livros que não li.
Fico contente por ser cristão.
Por ser esterco da sociedade e abafar manchas do meu passado.
De pensar que não existo e sentir-me alienado.
Sinto a força de estar contente.

Fico contente por estar aqui!

Que alegria. Que sabor. Que queda.
Ah! Que queda levei eu para dizer que estou contente?
Que solidão e que frieza eu noto nos meus segundos?
Que alegria eu vejo aqui...
Se foi aqui que eu já morri.


in "A Noite dos Tempos"

AO FILÓSOFO

Água, Terra, Fogo e Ar
Elementos primordiais
Afirmavam o seu pensar
Filósofos colegiais

Tales, da Natureza
Na Ásia Menor se expandiu
Viajava na incerteza
E até as pirâmides mediu

Chegou depois Anaximandro
Que do infinito lançou o mundo
E nas praças soletrando
O Conhecimento Profundo

Outro filósofo de Mileto
Que ainda hoje se ouve falar
Anaxímenes no seu soneto
Dá vida ao mundo com o ar

Mas na Itália Meridional
Parménides de Eleia
Achava tudo natural
Onde só a razão lisonjeia

E em Éfeso, Heraclito
Diz tudo fluir e nada dura
O “Logus” é dom bendito
E os sentidos, fonte segura

Empédocles de Agrigento
Que os quatro elementos aborda
À natureza dá maior sustento
Com forças de amor e discórdia

Um outro filósofo havia
Oriundo da Ásia Menor
Dedicado à Astronomia
Anaxágoras, o Maior




No porto de Abdera
A Norte do Mar Egeu
A teoria atomista fizera
De Demócrito o sonho seu

Sócrates, filósofo amado
Que sabia nada saber
Da sicuta fez seu fado
Que aos Sofistas deu prazer

Aristocles, o Platão
Na Alegoria da Caverna
Explica a escuridão
à mentalidade moderna


“ Existir em um sujeito”
Fomenta nas Categorias
Aristóteles, o perfeito
Pelas suas primazias



Falo ainda d’ “ O Mestre”
“ Cem páginas e Confissões”
Santo Agostinho investe
Na filosofia, orações

E Santo Anselmo de Aosta
No Conhecimento Racional
Do Mono ao Proslogion se prosta
Pedindo perdão pelo mal

O Ser e a Essência
De São Tomás de Aquino
Em palavras de Ciência
Faz o momento divino

E tu, meu amigo Descartes
Ao pensares logo existes
És Dualista com arte
E métodos atribuístes




E de Hegel, que falarei?
Da tarefa da Filosofia
Jamais esquecerei
Conhecer-me dia a dia

Não sei porque falo disto
Mas Nietzche, vou mencionar
Sendo Ele um anti-Cristo
Mas é fácil de rimar

Nos problemas da filosofia
Russel criou linhagem
Com certa dedicação escrevia
A crítica da linguagem

E o pobre Locke estimado
À procura da salvação
Foi bastante respeitado
Pela individual reflexão




O grande Leibniz solitário
Que bastante se dedicou
Ao entendimento arbitrário
Que a opinião rejeitou

“ Fundamentação da Metafísica dos Costumes”
Que tema mais original
Kant fomentou ciúmes
Numa autonomia como princípio da moral

E o nosso Antero de Quintal
Filósofo privilegiado!?
O “ Espírito da Época” é essencial
Quer ontem, quer hoje, serás sempre recordado

A mim, a ti, a ele e a nós
A vós, a eles, a todo o amante
Chegará um dia a aguardada voz
Do último filósofo no logus errante.


in "A Noite dos Tempos"

GUERREIRO DE VIRIATO

A voz dos deuses bradou
Invocando Tôngio narrando a história
O seu grito pelos tempos suou
Que só mais tarde conheceu vitória

Sacerdote do deus Endovélico
E guardião do seu santuário
Com dom supremo e evangélico
Foi de encontro ao seu destinatário

Nascendo sob o jugo de Roma
Embora de educação completa
De seu pai Tongétamo ainda soma
A vingança crua e directa

Beduno, escravo e amigo do guerreiro
Camala, sua mãe mulher activa
Mostram-lhe o seu destino certeiro
E a chaga do futuro sempre viva


Um dia foi-lhe entregue arma e cavalo
E experiência amorosa inesquecível
Lobessa, de tanto desejá-lo
Entregou seu escravo corpo desprezível

Vagueando chega junto do Endovélico
O qual se transforma em inimigos
Chegando a ver seu fim medonho e bélico
Carregado de mortes, vidas e perigos

Foi em Alcóbriga que isto aconteceu
Ficando Embora muito perto do local
O guerreiro rapidamente sentiu no céu
Que o seu destino seria a luta contra o mal

Sob ordens de Cúrio e Apuleio
Guerreiros de ascendência Lusitana
Aumentou o seu rancor cruel e feio
Cheio de ódio, saques, violência e fama




Os adversários sempre foram os Romanos
As mortes sucediam-se sem pudor
Longas jornadas, genocídios e enganos
Esqueciam a existência do amor

Montes Hermínios, região de beleza agreste
Foi aí que encontrara Viriato
Que em palavras de confiança investe
Comandando a guerrilha no meio do mato

Falou-se de extermínio dos Lusitanos
Escolhendo-se cinco chefes para a guerra
Contemplava ambientes muito estranhos
E o respeito silencioso vindo da serra

A batalha maior de sua vida
Onde se tornou digno de Viriato
Tendo o exército de Caio Vetílio recaída
Os Romanos deixaram ceder seu aparato




As conquistas prosseguiam com alvor
De surpresa atacavam povos um a um
Os aliados de Roma tinham pavor
Segóbrio, Segóvia e Toletum

Urso, Itucci, Arunda
Terras em poder dos Romanos
Ébora, cidade pequena e profunda
Serve de base a Viriato e Levianos

Daqui rumam a Olisipo e Serra da Lua
E de uma rocha em forma de coelho
Nasce uma deusa completamente nua
Que Arduno ou Tôngio recordará quando já velho

A Igedium fez destino silêncioso
Seria aí que reencontravam Viriato
Cróvia escolhera-o para o acto amoroso
Ficando enamorado e simplesmente estupefacto




Guerras continuaram sem cessar
Desastres, casamentos, ódios e mortes
Agitações, discórdias, desconfianças no ar
Era a disciplina dos exércitos fortes

O estandarte do Touro rasgado e apodrecido
Tôngio recorda junto do lume ao serão
Bebendo lágrimas por o chefe ter falecido
Sendo o crime preparado pelo romano Cepião

Viriato estava morto!
Mínuro, Audax e Ditalco, foram seus assassinos
O futuro da Ibéria fora corto
Mas a lenda continua e os seus hinos

Tôngio ainda conta sem esperança
Que foi Tautalo de Viriato sucessor
Ainda moveu um ataque de vingança
Aí morreu Arduno sem rancor




Próximo de Ammaia passa o Inverno solitário
Vivendo apenas de generosidade dos pastores
Desistindo daquela vida de legionário
Deixa no passado os seus dois grandes amores

E agora um invólucro esperando a morte
Respeitando a voz dos deuses com fervor
E é aí que Endovélico lhe dá sorte
Porque do Templo é guardião e servidor

- “ Finalmente estou em paz com os homens
e com Endovélico e não me perturba a
certeza de que uma destas manhãs será
a última.”
- Baseado no livro (A voz dos Deuses)
- Memórias de um companheiro de Viriato.


in "A Noite dos Tempos"

A VIDA...

Caminho de encruzilhadas;
Monumento de sensatez;
Declive de emoções;
Recta sem fim dividida em mil sarilhos.
Lata de lixo!
Primavera gotonal!
Sobretudo uma reacção irreversível...
Enfim; Tudo o que se quiser e souber fazer.



in "A Noite dos Tempos"

AS MÁSCARAS DA NOITE

Sob a chuva miudinha
Por ruas escuras
Me lembro de vaguear.
E ter passado sob
Arcadas lúgubres e sombrias;
Por mulheres de roucas vozes
E estridentes gargalhadas
Que me chamavam.
Por bêbados que praguejavam
Cambaleando.

Sob a chuva miudinha
A lua suspensa tão baixo no céu
Ocultava-se por negras nuvens.
O tempo parecia arrastar-me
Com pés de chumbo
E apesar de tudo tinha medo;
Gelava de pavor.

… E ao romper da madrugada
Encontrei-me no topo da Richmond Hill.
Por fim, as trevas dissiparam-se
E o céu gracejou-me com clarões de fogo
Ramificando-se em pérolas perfeitas
À vista clássica do Tamisa.


in "Atmosferas reservadas"

ETERNO INSATISFEITO

O amor é um eterno insatisfeito.
Mesmo que tenha realizado heróicas acções
Sacrifícios sublimes, agradáveis expressões
Julga nunca tirar proveito.

O amor vive em força superada.
Numa ânsia de acrescentar a felicidade.
Manifestando-se, criando saudade
E afadiga-se em torno da pessoa amada.

É um apaixonado pela terra que o viu nascer.
Ama a sua pátria por vê-la mais progressiva
Vive em esforço de renovado amanhecer
Pegada de luz, de beleza, de chama viva.


- What is love if not the language of the heart ?



in "Atmosferas reservadas"

À SEMELHANÇA DO MAR

Que secreto mistério, o do mar!

E Deus disse:
- Juntem-se as águas num lugar
Debaixo dos céus.

E apareceu o árido.
E ao árido chamou Deus, Terra.
E à reunião das águas, Mares.

E junto a si, onde as águas se agitam lentamente
Tudo invadindo com o seu vaivém
Eu aguardei.

Lentamente, observava-o, subindo, subindo…
Lentamente o jovem fervor das águas
Ia e vinha sem cessar.

E assim me ofereceu
A sua delicada lição espiritual:

Que ao despertar em cada manhã
Sinta apagar os vestígios de ontem
Tornando tudo de novo.


in "Atmosferas reservadas"

ESTRELA DA MANHÃ

A esperança do sonho alcançado
É digna de ser amada.
Essa esperança sorridente, vitoriosa e meiga
Que jorra da minha vontade.

Esperança inacabável.
Esperança antiga, derradeira e activa.

Neste dia quente de Março
A esperança voltou a visitar-me.
Vinha coberta de sorrisos
De mar, de gaivotas e de sol.

Chegou repleta de cores abertas;
Chegou vistosa, doce e perfumada.

Altiva, enamorada e faminta de luz.
Bateu-me à porta pela manhã
Neste quarto sossegado envaidecido pelo silêncio.

Bateu-me delicadamente e convidou-me
A contemplar o mar calmo de azul prateado.

Falámos de sonho
E de mãos dadas fechámos os olhos
E absorvemos a estrela da manhã.


in "Atmosferas reservadas"

MÃE ADMIRÁVEL

Obrigado mãe
Por me carregares no teu ventre;
Por dares à luz o filho que beijaste à nascença;
Que embalaste no teu regaço, cantando hinos de amor.

Obrigado mãe
Por tirares da tua boca o pão que me alimentou;
Por curares minhas feridas com as tuas mãos divinais;
Por me cantares ao ouvido, quando a noite era medonha.

Obrigado, minha mãe
Por me ensinares a ser gente;
A saber amar, oferecer, perdoar;
A sentir no meu coração o valor da simplicidade.

Obrigado mãe
Pelos sacrifícios que tomaste;
Pelos brinquedos, pelo ensino, pela saúde e pelo modelo de criança.

Perdoa-me mãe
Pelas minhas más atitudes;
Pelas respostas amargas e frias que disse sem pensar;
Pelas lágrimas que escondeste, fingindo estar tudo bem.

Perdoa-me minha mãe
Por humilhar-te sem me dar conta;
Por ignorar-te, esquecer-te, abandonar-te ao sentir-me um sábio fraco.
Por te ver silenciosa e triste e não ter tempo para te ouvir.

Perdoa-me por ser infiel.
Por ser filho desnaturado, esquecendo a tua existência.
Por não te abraçar, beijar e falar, quando o momento o exigia.

Aceita mãe o meu perdão.
O meu arrependimento e o meu sorriso de agradecimento.

Obrigado mãe
Pelo teu verdadeiro amor.
Pelo carinho doce e humilde que brota do teu coração;
Pelo sorriso aberto, maduro, que jorra do teu olhar;
Pelas palavras imaculadas que os teus lábios soletram baixinho.




Obrigado, minha mãe
Por estares sempre a meu lado.
Por seres a razão da minha vida e a força de ser quem sou.
Também a Deus agradeço esta oferta familiar:
“ Mãe”

Poema dedicado ao dia da mãe



in "Atmosferas reservadas"

CRUEL ILUSÃO DO DESEJO

Livres como o ventre
De uma cadela fecunda
Os anos dilatam.
Sem atrasos, como um relógio
Que não quebra.
Mastigando a vida
Amoleço os ossos do ofício;
Aspiro o incenso das estações
E temo a cada dia,
Na vida que ferve
As portas perras que se abrem.
Tudo está na memória,
Como as rugas na minha cara,
Como as mãos engelhadas,
E o peito mole, encarquilhado.
Incomoda-se o tempo;
O silêncio, o corpo e o sono.
O sangue torna-se espesso.
Tão espesso como os anos,
É agora mais frio que um rio,
Destruído, sem vida por explorar.



Em cada dia que adquiro
Dito palavras à toa.
Palavras amontoadas, revistas
Como se perdesse
A magia dos sentimentos.
Numa ciranda infinita
Viajo pelas sombras
Num desejo de querer bem.
De sorriso aberto,
De gestos delicados,
Invento palavras escondidas
No centro de um anel de luz.
Na cruel ilusão do desejo
Tudo segue o seu passo.
Não me interessa o meu ontem,
O fim da transição…
Aquele terno menino
Que girava lentamente
Com o mundo.
Agora, o livro melancólico,
Entreaberto, prende-me
A um mundo de miragens.
Sou todas as coisas que amo:



O ar, a água, um charco, um templo,
Árvores… muitas árvores.
Afasto por simpatia
O medo e a morte
Que irão certamente espreitar
Como abutres loucos e famintos
Atrás das fendas do silêncio.
Essas fendas que se racham
No começo e no fim
Do meu viver.


in "Tocar o invisível"

NO MEIO DA NATUREZA

De tudo quanto os meus olhos admiram
O mais belo é a natureza.
E nas telas de lençol velho me fiz artista
Pelo desejo de a imitar.
Abaixo da natureza só é grande a arte.
A natureza é a graça!
É obra de suprema bondade.
É delicada e educa o gosto
Da minha juvenilidade.
Na minha alma em construção
Cifra-se uma enorme harmonia;
A harmonia do belo.
Cedo comecei a amar a natureza
Os lagos e os rios,
As montanhas e as cordilheiras,
O mar e o céu.
Esse profundo céu, campo de maravilhas
Que eu próprio não concebo.


in "Tocar o invisível"

APARIÇÃO

Era branda e cristalina aquela voz:
- Vem! Vem comigo!
No meu pequeno quarto não havia espaço para sombras.
Apenas a luz ténue do luar atravessava o vidro da janela.
- Levanta-te e vem comigo.
Sentei-me na cama, calcei-me como se fora um autómato
E estivesse ausente de mim qualquer sensação.
E assim, naquela noite de espanto, cautelosamente
Abri a porta seguindo aquela doce voz
Até à rua iluminada por uma graciosa lua de Agosto.
E aquela voz ergueu-se por entre as sombras.
Pertencia a uma criança que me sorriu com bondade.
Pus-me a seu lado e reparei que éramos semelhantes.
As suas mãos enlaçaram-se nas minhas e sem pousarmos
Os pés no chão, entrámos numa floresta mágica.
E então, quantos estranhos vi chegar!
- Quem são?
Nas sombras da noite, ninguém parecia descobrir-nos.
- Quem são? – Voltei a perguntar.
As suas idades diferiam e tão ágeis pareceram que perguntei de novo:
- São anjos?
- Não! As sombras humanas que se movimentam sem ruído,


És tu durante a tua vida.
E de ombros descaídos, barba branca e olhos negros,
Vi um velho a contemplar-me.
- Quem é? – Perguntei.
- És tu a olhares-te sem te veres.

Regressámos à porta de casa e voltei para o meu quarto
Onde não havia espaço para sombras.
Pela manhã, o pudor de revelar aquela saída
Serrou-me os lábios e a voz até aos dias de hoje.


in "Tocar o invisível"

PÉRFIDA VIVÊNCIA

Eu sou a glória da imaculada subtileza.
Sou o fim da esperança que não chega
E a dor da fuga iluminada.
Eu sou a voz do fogo que arrefece a alma.
O respirar da fé entristecida que alimenta o desespero…

Eu sou a promessa dos deuses que me mentiram.
Sou tudo isto.
Sou a razão do vazio.
Ah! Sou pois.


in "tocar o invisível"